sexta-feira, 13 de abril de 2012

Indicativo de ocorrência de bolha em imóveis por informação oblíqua, limite temporal para ocorrência da correção e prejuízo da Gafisa em 2011

Os últimos artigos da Miriam Leitão estão muito bons (não sobre bolha, mas sobre economia em geral). E estão entrando em sintonia conosco em vários temas. Mas o comentário que quero trazer a vocês é sobre trecho da coluna "o preço do dinheiro" de hoje, 13/04/2012.

Não se falava de imóveis, mas de baixa de juros pelos bancos públicos e eventual bolha de crédito para consumo e até problema dos bancos em adminstrar o aumento de demanda que pode ocorrer, quando surge este trecho:

"Os dois dirigentes (do Banco do Brasil e da CEF) recusam a ideia de que isso é incentivo ao endividamento excessivo que pode levar à formação de bolhas como as que arruinaram outras economias.

— O endividamento das famílias está em apenas 22% da renda. Isso é um nível baixo. A gente pode pensar em bolhas quando os ativos estiverem se valorizando muito acima da renda — afirma Márcio.

Lembrei que isso ocorre nos imóveis. Ele admitiu que certos segmentos desse setor precisam mesmo ser olhados com bastante atenção."


Nós sempre falamos que crescer preço de imóveis muito além da renda é evidência de bolha, não é? Bem, fiquem com esta informação.

Agora vejam. A moda é dizer que o mercado estabilizou nesses preços atuais altíssimos. Mas antes diziam que subiria até 2014 e 2016. A situação está mudando... mudando para correção. A correção já começou a acontecer no início deste ano. É em que acredito.

Vocês viram o prejuízo da Gafisa para o ano de 2011? 1,09 bilhão de reais. Houve desistência de compra de imóveis, tanto imóveis de casas populares (investimento feito na empresa Tenda) quanto na base de clientes comuns de classe média.

A Caixa efetuará recentemente grande leilão de imóveis, inclusive como dito na coluna da Míriam Leitão de hoje "O preço do dinheiro".. imóveis mobiliados. Não há informação precisa de quantos financiamentos imobiliários estão sendo abandonados. Isso seria interessante.

Ao meu ver inicialmente a desvalorização não precisaria ocorrer com devolução de imóveis, pois os empréstimos aqui são exigentes... mas no artigo que li sobre o prejuízo da Gafisa uma das medidas que o executivo anunciava para melhorar as contas da empresa este ano de 2012 seria a adoção de medidas mais rígidas para concessão de financiamento imobiliário, para que "tivessesm mais garantias de que a pessoa que compra o imóvel teria como pagar" (citação livre das apalavras do executivo da Gafisa).

Empreendimentos na Tijuca pararam de vender imóveis e preparam promoções... promoções, senhores, é correção de valor alto de imóvel novo.

Não adianta a revista "A Época" publicar sobre venda de imóveis de milionários... vamos ver a realidade este ano de 2012.

Perguntaram-me sobre limite temporal para a ocorrência de correção. Vejam, interessante pergunta. Para mim, já está ocorrendo correção, mas que ainda se apresenta pontual. Promoções de imóveis... fechamento de compras e aluguéis abaixo do preço inicial pedido... agora, se houver queda forte e perceptível como furo de bolha, ao meu ver tem de ocorrer este ano de 2012 até no máximo junho de 2013.

Se não ocorrer a correção neste período, serei obrigado a admitir que o preço dos imóveis foi absorvido pela sociedade e que permaneceremos com os imóveis mais caros do mundo, com cidades mais valorizadas do que Londres, Tóquio ou Nova York, apesar de a renda lá ser até cinco vezes maior do que a nossa. Não consigo ver isso e não tenho notícias de continuidade de compra de imóveis inteiros (digo, prédios) por fundos imobiliários estrangeiros como já ocorreu no centro da formação de bolha de preço entre 2008 e 2010.

Para mim, é aguardar as condições de temperatura e pressão ocorrerem. As notícias econômicas são de baixa de consumo. A última informação que eu tive, anterior a esta prestada acima na coluna da Miriam, é de que o endividamento das famílias estava em 33%. Eu estou vivendo sem excessos (não porque não queira os excessos). Meus amigos reclamam dos custos de vida. Meus amigos que podem comprar imóveis acima de um milhão de reais não pretendem fazê-lo por acharem que os preços estão surreais. Preferem manter investido esse dinheiro e ter liquidez.

Para mim, por mais que eu fuce informações, as confirmações são de baixa da economia, endividamento de famílias, renda estagnada (não há previsões de que haverá aumento de renda nos próximos anos como ocorreu nos últimos 10 anos). E como o preço de imóveis não pode se alinhar com essa realidade? Quem vai comprar? Você sabe de alguém que está escolhendo imóveis para comprar? Famílias com renda entre 20 e 30 mil não estão podendo escolher imóveis...

A única tese de que preços altos assim se sustentam é a ocupação da cidade recém-valorizada por novos moradores de mairo renda, expulsando os moradores antigos. Isso aconteceu na Califórnia. Isso já foi objeto de artigo no Le Monde Diplomatique, como já apontei em artigos anteriores. Mas eu não acho que seja isso o que ocorre conosco.

Seguimos.

p.s.: texto revisado.

5 comentários:

  1. Isso ai Mario,

    Continuamos a aguardar o estouro da bolha. Uma coisa é certa: Atualmente há muito mais gente admitindo a existência do que há um ano atrás.
    Com relação à perda de poder de compra, você está certíssimo. Essa inflação divulgada pelo governo não reflete a realidade.

    Vamos continuar aguardando.

    Abraços, Felipe.

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  2. Enquanto os especialistas dizem que não há bolha e que o país está indo de vento em polpa... O pessoal de fora vai noticiando nossa realidade.

    Veja esta notícia informando que os Imóveis no Brasil estão supervalorizados:

    http://online.wsj.com/article/SB10001424052702304444604577338022220941212.html?mod=rss_americas_portugues

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  3. Excelente artigo! Parece que foi escrito pela gente!! rsrsrsrs Vou colocar como artigo para facilitar acesso! Valeu Felipe!

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  4. http://boulevardhaussmann.wordpress.com/2012/04/09/imoveis-no-rio-continuam-a-se-valorizar-mas-em-ritmo-mais-lento/

    http://www.zykatz.com.br/noticias.php?c=69

    http://m.folha.uol.com.br/mercado/1067997-sem-perspectiva-de-queda-preco-de-imovel-no-rio-se-estabiliza.html

    http://www.agenteimovel.com.br/noticias/2012/04/25/mercado-imobiliario-brasileiro-segue-tendencia-de-crescimento-do-pib/

    http://www.bartzen-rio.com.br/news/nova-noticia-04

    http://www.iabgoias.com.br/list_noticias.asp?id=195

    http://www.lelloimoveis.com.br/blog-post.aspx?postId=1274&categoriaID=21

    http://m.g1.globo.com/economia/noticia/2012/03/preco-dos-imoveis-no-rio-entra-em-fase-de-estabilizacao-diz-secovi.html

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  5. Marcelo, grande amigo, achei interessante as informações contidas nos artigos que vocÊ sugeriu. Principalmente a do "AgenteImóveis", que realça a informação de inexistÊncia de especulação imobiliária no RJ, como se pode ver o destaque de informação no alto à esquerda do link sugerido por você.

    Do mesmo link eu destaquei o seguinte trecho: "O presidente do Secovi-SP, Cláudio Bernardes, afirma, porém, que a expansão do mercado imobiliário brasileiro, registrada nos últimos cinco anos, não segue um ritmo sustentável."

    Importante lembrar que sites que trabalham com venda de imóveis ou assessoramente em venda e compra de imóveis não pode, por definição, enaltecer fatos que evidenciem queda de vendas e queda de negócios ou perspecivas ruins para o mercado imobiliário, pois estaria prejudicando seu próprio negócio.

    Ninguém pode dizer dizer exatamente o que ocorrerá no mercado imobiliário, o qual talvez seja o mercado menos aberto e com menos informação técnica disponível para avaliação de todo o mercado econômico.

    Entretanto, continuam incólumes as bases de avalaiçaõ e crença do Blog no sentido de reajuste dos valores de imóveis em nosso mercado. Na melhor das hipóteses, a estagnaçaõ de valores se manteria por período suficiente para que tanto a renda do brasileiro ficasse compatível com os valores exigidos hoje do mercado imobiliário, quanto os contratos já efetuados de compra nos últimos quatro anos terminassem pagos, para libertar valores disponíveis para serem novamente direcionados a outras aquisições.

    Nenhum artigo que defende a inexistência de bolha imobiliária se refere a elementos simples como a incompatibilidade entre a renda brasileira e os valores dos imóveis, o alto nível do endividamento da família brsileira ou a falta de capacidade de atração de valores estrangeiros em face de melhores preços de imóveis nos EUA e Europa. Também não é informado convenientemente sobre as ofertas de promoções imobiliárias, o que é incomum, como todos sabem.

    Assim, não obstante sua seleção de artigos seja neste sentido de estabilização de preços, chamo a sua atenção para o fato de que antes todos diziam que os imóveis aumentariam naquele ritmo de 2010 até 2014 e 2016. Mas isso já está derrubado.

    Neste momento, com as informações de que disponho, creio que na melhor das hipóteses (para quem deseja valorização de imóveis), os imóveis poderiam ter seus valores atuais pelos próximos 10 anos, com variações anuais baixíssimas.

    Isso não é indicativo de bom investimento. Quando e se isto que prevejo se concretizar, proprietários de imóveis verão que obteriam em mercado financeiro mais do que obtém em aluguel ou em valorização imobiliária. Isso poderia levar a nova pressão para queda de preços.

    Bem, como vocÊ é um leitor do Blog e comentarista, acredito que tenha trazido as informações para nos ajudarem a entender o mercado e serem objeto de avaliação.

    Minha avaliação é esta que te exponho.

    abs

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